A Galette de Rois é uma sobremesa tradicional da França que, teoricamente, só é servida uma única vez no ano, hoje no dia 6 de Janeiro. (Mas, às vezes, os franceses a comem Galette o mês inteiro 😅)
Segundo a tradição, a Galette precisa ser cortada com um pedaço para cada pessoa presente. Então, a pessoa mais nova, deve entrar embaixo da mesa e decidir para quem vai cada pedaço. Depois disso, todo mundo come seu pedaço com muito cuidado porque em um deles há uma surpresa: la fève, que é uma pequena escultura de porcelana, que antes costumava ser um rei, mas hoje pode ser qualquer coisa. A pessoa que encontrar la fève se torna então la reine ou le rois, pode usar uma coroa e é responsável por trazer a próxima Galette.
Mas por que falamos em fève? De onde vem essa tradição? É necessário recuar ao século XIV para encontrar os primeiros vestígios do que se tornou o folclore cristão, mas que nada tem a ver com o acontecimento narrado nos Evangelhos.
A tradição de desenhar o rei é provavelmente herdada das “Saturnálias” (festival pagão dos romanos antigos que celebrava o solstício de inverno e o “renascimento” do ano). Esses grandes festivais em homenagem a Saturno, o deus romano do clima, aconteciam entre o final de dezembro e o início de janeiro. Nessa ocasião, senhores e escravos encontravam-se em pé de igualdade: um empate transformava um escravo em rei por um dia. Porém, esta designação foi feita durante um banquete utilizando um feijão colocado num bolo. Preservada durante o início da Idade Média, sempre na época do solstício de inverno, a festa evoluiu então para se tornar uma “festa dos tolos” onde os papéis sociais eram invertidos.
Para evitar que o “rei” se engasgasse ao engoli-lo repentinamente, as sementes da leguminosa foram substituídas por estatuetas de porcelana saxônica. Com eles o risco de trapaça era menor… Os primeiros feijões em forma de estatuetas representavam sinais promissores de sorte, poder ou riqueza. Poderíamos então encontrar um casal, uma ferradura, o número 13, uma coroa e assim por diante. Eles assumiram então, ao longo do tempo, diferentes formas, sejam emblemas religiosos, objetos do cotidiano, heróis de desenhos animados ou filmes… E isso, para grande deleite dos colecionadores.
Essa tradição foi incorporada à cultura católica, ao que hoje é conhecido como Dia de Reis e trazemos mais duas coisas interessantes sobre essa história:
Dependendo da região, a receita da Galette é feita de forma diferente e cada um acha que a sua versão é, com certeza, a certa.
Além disso, é feita uma enorme galette para o presidente da França. Ela tem um metro e vinte de largura e é para 150 pessoas. Além do tamanho, outra instrução aos confeiteiros é que essa galette não deve ter uma fève, já que não seria apropriado encontrar um rei no palácio da república.
Mas e você, já comeu uma Galette de Rois? Ainda dá tempo de se tornar Rei ou Rainha do ano de 2025! Quer descobrir mais sobre essa tradição enquanto treina o francês? Acesse essa matéria do Le Figaro et voilá !
À la prochaine ! Até a próxima!