“Anarriê” ou “en arrière” ? As raízes francesas das festas juninas!

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É tempo de bandeirinhas, de milho em todas as suas formas, das roupas xadrez e da quadrilha! Em junho (e julho… e até mesmo agosto…), o Brasil vira uma grande festa e cada região celebra o São João à sua maneira. Mas quer saber de uma coisa curiosa? Essas festas que a gente vive com tanta alegria têm muito mais a ver com a França do que parece à primeira vista. C’est bien ça ! Você não leu errado.

Pode parecer surpreendente para algumas pessoas, mas a origem dos festejos juninos remonta às antigas celebrações pagãs da Europa, feitas para marcar o solstício de verão: o dia mais longo e a noite mais curta do ano, que simbolizava fartura, fertilidade e, claro, o início de uma nova estação. Essas festas eram acompanhadas de danças, comidas e fogueiras. A versão cristianizada disso tudo viria depois, com a introdução da homenagem a São João Batista.

Mas o que isso tudo tem a ver com a França?

Beaucoup de choses. Bastante coisa, principalmente a quadrilha!

 

 

A famosa dança de São João que a gente chama de quadrilha vem da quadrille, dança coletiva dos salões aristocráticos franceses do século 18. Ali, quatro casais se organizavam com passos coreografados e coordenados por um mestre de cerimônias. Uma dança cheia de elegância e que simbolizava, entre outras coisas, a harmonia da sociedade.

Com o tempo, a quadrille ganhou o mundo e chegou ao Brasil através da Corte Portuguesa no século 19. Só que por aqui, ela ganhou uma nova cara, um novo ritmo e um novo conceito, como a gente sabe!

No Brasil, essa dança deixou de ser aristocrática para se tornar popular, teatral e cheia de humor. Entraram em cena o famoso casamento na roça, os trajes caipiras (inspirados, curiosamente, nas roupas da nobreza, mas em versão caricata) e o jeito brasileiro de reinventar tudo.

 

De “en avant” a “alavantú”

E se você já dançou quadrilha alguma vez, com certeza ouviu comandos como:

Alavantú : vem de en avant tous, “avante todos!”

Anarriê: vem de en arrière, “para trás!”

Tur: vem de un tour, ou seja, “uma volta”

Otrefoá: uma adaptação fonética de autre fois, “de novo!”

E não para por aí: há também os comandos verbais como:

Changê (changez): troquem de par

Balancê (balancez): balancem-se sem sair do lugar

Returnê (retournez): voltem para seus lugares

Para quem já começou a estudar francês, fica até fácil de reconhecer esses verbos no imperativo, não é?

Essa mistura de tradição popular brasileira com raízes francesas é um exemplo curioso (e dançante!) de como os idiomas e as culturas estão sempre se encontrando.

 

Uma herança viva

 

Na prática, o que a gente vê é que o francês vive em nós de formas que às vezes nem percebemos. Ele está em palavras, em danças, em pratos e expressões que atravessaram o tempo e o oceano. E nas festas juninas, essa herança ganha vida, som e cor.

É claro que, aqui na Aliança Francesa, a gente adora encontrar essas conexões. Elas tornam o aprendizado mais gostoso, mais próximo da nossa realidade. E quem resiste a aprender dançando?

Então, da próxima vez que ouvir “Alavantú!”, lembre-se: você está participando de uma dança com um pezinho lá na França. Et ça, c’est vraiment chouette, non ?

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